A forma de pagar impostos no Brasil está prestes a mudar — e quem empreende precisa estar preparado. A partir de 2026, o país dará início à implementação de um novo sistema tributário que promete simplificar a arrecadação e tornar mais transparente o processo de recolhimento de tributos. Mas, na prática, o que isso significa para as empresas?
Este artigo explica, de forma clara e objetiva, as principais mudanças trazidas pela Reforma Tributária, seu cronograma de implantação e os impactos diretos no setor empresarial, especialmente no e-commerce.
1. O Que é a Reforma Tributária?
A Reforma Tributária foi formalizada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e tem como objetivo modernizar o sistema de arrecadação brasileiro. Um dos principais pontos é a unificação de cinco tributos que hoje incidem sobre o consumo:
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- PIS
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- Cofins
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- IPI
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- ICMS
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- ISS
Esses tributos serão substituídos por dois novos:
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- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal, com alíquota estimada em 8,8%
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- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), de competência estadual e municipal, com alíquota estimada em 17,7%
Além disso, será criado o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
2. Cronograma de Implantação
A implementação será feita em etapas, com início já em 2026. Confira o cronograma oficial:
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- 2026: Início da fase de testes
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- 2027: Entrada em vigor da CBS e extinção do PIS e da Cofins
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- 2029 a 2032: Substituição gradual do ICMS e do ISS pelo IBS
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- 2033: Novo sistema 100% em vigor
Essa transição progressiva tem como objetivo reduzir impactos abruptos nas empresas e nos governos locais.
3. Como Funciona o Novo Modelo de Cobrança?
Uma das inovações mais relevantes é a adoção do modelo conhecido como “split payment” — ou pagamento fracionado.
Nesse sistema, o imposto será retido automaticamente no momento da venda e direcionado diretamente para os cofres públicos. Isso significa:
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- Recolhimento instantâneo dos tributos
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- Aproveitamento automático de créditos
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- Maior controle e transparência fiscal
Para o empreendedor, isso reduz o risco de inadimplência tributária, mas também exige ajustes na gestão financeira e nos sistemas de faturamento.
4. Como a Reforma Afeta o E-commerce?
Empresas que atuam no comércio eletrônico devem dar atenção redobrada à Reforma Tributária, pois os impactos podem ser significativos. Entre os principais pontos:
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- Precificação de produtos: será necessário recalcular os preços de venda para manter a margem de lucro e a competitividade.
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- Regime tributário: empresas optantes pelo Simples Nacional devem avaliar se esse modelo continuará vantajoso ou se será necessária uma mudança de regime.
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- Compliance fiscal: com o novo modelo de recolhimento automático, a conformidade tributária será ainda mais rigorosa. Sistemas devem estar atualizados e integrados.
Planejamento e tecnologia serão aliados indispensáveis nesse processo de adaptação.
5. O Que Fazer Agora?
Embora a mudança mais significativa comece a valer em 2026, o momento de se preparar é agora. Algumas ações práticas que podem (e devem) ser tomadas:
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- Estude e compreenda as novas regras
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- Agende uma reunião com seu contador de confiança
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- Revise o regime tributário adotado por sua empresa
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- Avalie os produtos comercializados e a cadeia de fornecedores
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- Invista em tecnologia para atualizar seus sistemas de gestão
Antecipar-se às mudanças é a melhor forma de evitar surpresas e manter a competitividade no mercado.
6. Conclusão: Quem se Prepara, Sai na Frente
A Reforma Tributária representa um marco importante para o ambiente de negócios no Brasil. Embora gere dúvidas e exija adaptação, ela também oferece oportunidades: mais simplicidade, menos burocracia e maior previsibilidade.
Empresas que se antecipam e se organizam desde já sairão na frente. O novo sistema é um caminho sem volta — e pode representar um diferencial competitivo para quem estiver preparado.
O escritório Soares e Silva Advogados está acompanhando cada etapa dessa transformação e oferece assessoria especializada para orientar sua empresa nas decisões tributárias, contratuais e estratégicas que essa mudança exigirá.